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1. Bauman: Desafios pedagógicos e a Modernidade Liquida


No mundo liquido moderno a solidez das coisas e das relações humanas é tida como uma ameaça; vínculos que limitam a liberdade de movimento e capacidade de embarcar em novas oportunidades que "- olhe ali! Ah... já passou".
O consumismo de hoje não visa ao acúmulo de coisas, mas à sua máxima utilização. Por qual motivo, então, a "bagagem de conhecimentos" deveria ser excluída dessa lei?
Este é o primeiro desafio que a pedagogia deve enfrentar: um tipo de conhecimento pronto para utilização imediata e para sua imediata eliminação.

Modus Operandi na sociedade (trabalho, escola...):
Na modernidade sólida o domínio consistia em estabelecer leis infringíveis, vigiar seu cumprimento, determinar obrigações, realinhar os desviantes ou excluí-los, caso fracassasse os esforço de reformá-los.
Na modernidade líquida a dominação pode ser obtida com dispêndio muito menor: com a ameaça do descompromisso ou simplesmente com a recusa do compromisso. Os chefes não são obrigados a reprimir as idiossincrasias de seus subordinados, a homogeneizar seus comportamentos nem encerrar suas ações no interior da rígida estrutura da rotina.

A arte de viver em um mundo ultrassaturado de informações ainda deve ser aprendida assim como a arte ainda mais difícil de educar o ser humano neste novo modo de viver. 

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Teco Galati

De qualquer maneira, como entreter a atenção de um aluno que não crê que o conteúdo daquele dia seja interessante de guardar?

Lorena Galati

Posto aqui meu texto-avaliação da aula do julio groppa aquino.Falo basicamente de conceitos foucaultianos, mas dou uma pincelada de Bauman.


O poder produz, destrói, constrói, reconstrói. Ele transforma, acrescenta, diminui,
modifica o momento e o lugar a si mesmo e cada coisa com a qual se relacione em uma
rede múltipla, móvel, dinâmica e infinita. Na idéia foucaultiana, há três tipos de poder
ao longo dos últimos séculos: soberano, disciplinar e biopoder; sendo que cada um
deles respectivamente transformou-se no outro ao longo dos séculos.

O poder exercido sobre os indivíduos extrai o saber que os próprios formam ao longo
da socialização, e são reformulados por novas normas e formas de controle que se
modificam à medida que o tempo vai passando. O poder mais intenso que se pode ter é
aquele que é interiorizado pelos sujeitos, onde estes acreditam que as normas seguidas
por eles próprios são naturais, são tão óbvias a ponto de serem incontestáveis – pois
não se contesta algo da natureza humana. Este poder é o mais dominador, este poder
é o mais difícil de ser contestado, é o poder que massifica os indivíduos, que os faz se
tornarem iguais, que caracteriza um conjunto de sujeitos de maneira a se identificar
um indivíduo como pertencente a um grupo social pelas vestimentas, modos, cultura,
etc (artista tem cara de artista, executivo tem cara de executivo). Porque os sujeitos
seguem as pequenas normas que caracterizam sua personalidade, e estes acreditam
que esta personalidade é algo autêntico, e não o resultado de um processo histórico de
formação dos sujeitos que tem esta mesma personalidade. Segundo Foucault, o sujeito é
constituído historicamente, simultaneamente à constituição das práticas e dos discursos
que se multiplicaram nas diversas instituições sociais nascentes a partir do século 17,
tais como a escola, o hospital, o quartel, as fábricas.

Em um mundo sólido, como diria Bauman, que ocorre a partir do século XVII e
vai até meados do século XX (onde se encontra a transição para o mundo liquido
da hipermodernidade), o domínio consistia em estabelecer leis infringíveis, vigiar
seu cumprimento, determinar obrigações, realinhar os desviantes ou excluí-los,
caso fracassasse os esforços de reformá-los. É neste período que, segundo Foucault,
se identifica o poder disciplinar – digo, inicialmente poder soberano, que foi se
transformando em poder disciplinar. Ao contrário do poder soberano, o poder
disciplinar não se identifica em uma figura central (rei), o poder está nas relações
entre os sujeitos, individualizados por suas técnicas disciplinares. A disciplina é uma
tecnologia específica do poder, que a cada dia renova-se, especializa-se e solidifica-
se como verdade. Não há verdade fora do poder ou sem o poder, pois toda verdade
gera efeitos de poder e todo poder se ampara e se justifica em saberes considerados
verdadeiros.

Dentre a evolução dos poderes: soberano → disciplinar → biopoder, o ultimo é o
mais eficaz. O biopoder é subjetivo, é líquido, é camuflado, por essas razões que é o
mais dominante. Mais que o poder disciplinar, ele faz os indivíduos acreditarem que o
melhor para eles é seguir o padrão da normalidade, sem sequer questionar ou perceber

este padrão. É algo que não se pensa, se faz. Neste sentido, quem vai contra a norma
é anormal, e anormalidade significa infelicidade, insanidade, imoralidade. O poder
está no lugar-comum, nas verdades interiorizadas, nas ações feitas “por osmose”, e no
motivo pelo qual elas são realizadas. O biopoder age pela otimização da vida, pelas
ordens mascaradas.

Quem é preso, quem é louco, quem é estranho, quem é doente, o é por quê? É isolado
do resto dos sujeitos por quê? Porque fogem da normalidade, infringem normas, vão em
oposição ao padrão. As normas têm muito mais poder do que as leis. Leis são apenas a
burocracia da norma. A norma é o que docifica, passifica, otimiza, qualifica, pasteuriza
e, sobretudo, cega os sujeitos individualizados e subjetivados.

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