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Pergunta lançada. O que você faria se fosse convidado a fazer um coral com:


70 crianças de 13 a 17 anos,
Que não estão lá por vontade própria,
um vez por semana,
numa sala muito curta e larga

minha resposta:

Se não pudesse recusar o trabalho primeiramente eu choraria. Depois de recuperado do susto inicial  pensaria em criar condições para construção do encantamento, pois nessas condições só por encantamento mesmo. Mas nós, como professores e como artistas temos que saber criar esse encanto. Então vamos lá, feiticeiros, à ação.

1.     1. Juntar um arsenal de músicas de diferentes estilos e sonoridades (músicas de sons percussivos onomatopaicos, músicas minimalistas com temas sobre um ou dois acordes, músicas com frases de pergunta e respostas bem evidentes, etc) divididos em arranjos a uma voz acompanhada por instrumento, uma voz acompanhada por outra, duas vozes nítidas, duas vozes acompanhada por outra, três vozes, quatro vozes. Buscaria primeiramente trabalhar com sonoridades exóticas, sonoridades que são base das músicas que eles escutam (seria bom pesquisar isso ou então ir à média do gosto da faixa etária e social), mas não fazer no início músicas que eles escutam (nenhum amante de pagode cantaria heavy metal e nessa idade eles sempre se dividem em guetos de escuta musical muito excludentes). 

2.     2. Construiria uma estratégia para que os alunos me vissem como “o cara”. O cara que conhece as músicas que eles gostam (então teria que ouvir muita coisa, músicas, letras, histórias, “causos” e decorar); o cara que conhece pessoalmente os artistas que eles admiram (buscar contato com alguns amigos e até mesmo contar algumas estórias fantasiosas); o cara que sabe o que estará na onda na próxima temporada musical (haja fantasia). O cara que sabe colocá-los para enfrentar um desafio sonoro (de batucar algo complexo ou tirar o baixo de uma música) e que consegue fazê-los se sair bem. O cara que não abaixa a cabeça para o aluno que se sente o próprio Estados Unidos nem fala grosso com o que se acha uma Bolívia (essa eu roubei do Chico Buarque, kkkkk).

3.     3. Procuraria sempre sair de cada ensaio com alguma conquista musical evidente. Conquista evidente para os alunos. E isso não é nem um pouco fácil.

4.    4. Procuraria ser sempre o mais bagunceiro e barulhento da classe. Não perder o contato visual e auditivo com ninguém em momento algum. Se não deixam eu me concentrar ninguém conseguirá se concentrar também. E' importante mudar o ritmo das atividades sempre que ouvir um bocejo, uma brincadeira paralela. Deixar todos conversarem muito, conversarem à vontade, pois isso é muito bom, desde que saibam (aprendam) voltar à atenção rapidamente com um gesto ou som, por isso é importante ensiná-los a fazer bagunça.

Pensar em fazer tudo isso aí descrito é possível. Tentar realizar será o desafio e a tarefa árdua de cada dia. Mas sem uma estratégia não dá nem pra pensar em táticas.

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O Poder da Educação

Gostei das definições. Achei bacana mesmo. Porém, por mais que tentemos, na verdade, imaginar, só conheceremos o caminho quando realmente o trilharmos...

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