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Uma breve análise crítica da teoria de Jean Piaget, baseada na observação da obra “Relatividade” de M.C. Escher


por
André Vincentin
Diogo Monsores Vieira
Carolina Lopes de Oliveira e
Paulo Tercio Galati

Comparações
a concepção de que devemos observar (algo) guiados pela multiplicidade envolvida e não com uma expectativa eminentemente pronta
Para Piaget é necessário propor um olhar diferenciado e múltiplo para as coisas, sendo este sugerido como uma espécie de exercício para as interpretações cotidianas e reflexão da realidade.
Também para observar a obra de Escher é preciso cultivar a predisposição de ver várias perspectivas e tornar a mente disposta a articular essas visões para conseguir relacioná-las
estimular um raciocínio condiz com uma condição transformadora por meio de inevitável pesquisa, levando a reinventá-la
Para Piaget a tarefa principal da educação é estimular o raciocínio, não ser apenas uma formação, mas sim uma condição formadora, ligada estreitamente à pesquisa. Ao invés da criança apenas copiar o conteúdo apresentado, ela deve ser levada a reinventá-lo.
Na obra de Escher, a quebra dos padrões e regras da gravidade e das dimensões, instiga uma visão crítica e o raciocínio lógico, além disto, leva o observador da obra a reinventá-la a cada mudança de perspectiva no olhar. Mundos diferentes e únicos sendo percorridos simultaneamente nos são apresentados na obra, que dialoga a arte e a geometria de maneira interdisciplinar assim como Piaget, com a  possibilidade de múltiplas combinações entre as várias áreas do conhecimento, pensando o ensino como uma questão geral, como um todo relacionado.
um movimento cíclico que nem sempre faz sentido
No desenho acima, as pessoas que caminham pelas escadas parecem ser a mesma pessoa, parece um registro dos vários momentos de um dia ou de um mesmo fazer. E todos os caminhos têm uma porta, um fim que se abre para outro lugar que aqui não é visto inteiramente. Em Piaget o movimento de desenvolvimento da mente humana é determinado por etapas, passando por processos que à primeira vista podem ser vistos como movimentos cíclicos sem sentido, mas que na realidade são vivências nas quais juntam-se informações e experiências que alteram seus esquemas*, em processos de assimilação e acomodação até que reequilibra, alcançando outros patamares. Podemos comparar ainda Escher ao pensamento multidisciplinar de Piaget sob o ponto de vista da complexidade do sistema de conjunto e dos vários ângulos e possibilidades de observação, experimentação e oposição ao fracionamento, uma vez que a estrutura apresentada na obra é cíclica.
*esquema: ações básicas de conhecimento, incluindo ações físicas/motoras, sensoriais e mentais.
brincar com as nossas certezas estabelecidas
É o que Escher sempre gostava de fazer. Parece que brinca com o que Piaget chama de equilíbrio, que é baseado em uma série de esquemas que permitem organizar o caos inicial de sensações. De fato, ao olhar para o quadro “relatividade” nos vemos obrigados a refazer constantemente a noção de equilíbrio para reorganizar nosso entendimento sobre ele.
Apreciação
Piaget tem uma visão múltipla para criar um método de observação, mas (pela norma da ciência) estabelece uma teoria fechada que, entre outras coisas, definiu etapas associadas às idades que ele constatou em suas experiências.
Mas talvez esse não seja o maior motivo das críticas que se faz a ele atualmente.
Alguns estudos indicam que o desenvolvimento cognitivo é favorecido pelas interações sociais, mas parece que o próprio Piaget, ao menos no final da vida, suspeitava desse fato.
Outro fato é que, fora dos padrões europeus e de sua época, as crianças são muito mais estimuladas e interagem mais com os adultos, aprendendo mais cedo do que ele apontava sobre sentimentos e as reações dos outros. Isso nos parece indicar que idade estabelecida por ele entre as etapas devem ser encaradas como barreiras móveis, absolutamente permeáveis, não invalidando o mais importante de suas pesquisas, que foi o fato de estabelecer a existência dessas etapas.
Outra observação é que a imitação ocupa um lugar bastante importante para o desenvolvimento cognitivo. Pode-se dizer que a recriação acontece aí, após este processo, quando a criança provida de recursos vindos de diferentes fontes recria o conhecimento adquirido. Nisso se dá também o poder transformador do meio.

Conclusão
Como educadores devemos ver os alunos e as situações vividas em sala de aula, assim como enxergar a teoria de Piaget com o olhar proposto por Escher em sua obra. Um olhar relativo, que vê um prisma de possibilidades e procura enxergar cada aluno sob vários ângulos, com realidades distintas ainda que fazendo parte do todo de um conjunto.

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ELIEZER COSTA DE SOUZA JUNIOR

A primeira vista parece mesmo conflitante..., mas depois se torna revelador de si e de quaisquer coisas correlatas.
Muito bom.

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